BEM VIND@!

Vamos falar de coisas da vida?
Vamos falar das coisas. E também da nossa vida.
Vamos trocar idéias! Aqui neste espaço virtual, nesse tempo incomum...
Singularidades.
Para ser cada vez mais si mesmo, estando cada vez mais inteiro no mundo e nas relações.
Pra mudar, para crescer, para transcender...




quinta-feira, 26 de maio de 2011

Projeto de Atendimento Psicológico

   Já no início do curso de Psicologia, eu pensava que o que eu queria fazer depois de formada era “transformar” (dar nova forma!). Sempre pensei que se eu estava ali, cursando Psicologia em uma Universidade Federal, eu devia isso, e muito, a uma sociedade que me possibilitou permanecer lá. Então firmei um compromisso com a mudança do meu mundo. Porque eu sentia que, sim, era necessário, como cidadã mesmo, devolver em forma de serviço, aquilo que a própria sociedade me proporcionou.
   Eu não sabia muito bem como fazer isso. Não queria apenas levantar a bandeira de compromisso social para minha autopromoção, da forma típica que muitas empresas vêm fazendo, e que agora é moda. Também não queria transformar no sentido colonizador, pois o conhecimento e a verdade não estão comigo. Mas eu queria que alguma coisa pudesse ser diferente... melhorar na vida das pessoas. 
   Eu queria que minha ação no mundo estivesse muito relacionada ao que se lê nos artigos iniciais do nosso código de ética: 

 I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
 II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão.

   Fui pensando, debatendo, lendo... e tinha um desejo forte em mim de voltar para a terrinha natal, fazer mudança nesse chão onde fui gerada, onde me criei. Pensei bastante que transformação tem que brotar antes de tudo do desejo e da reflexão das pessoas, dos grupos... tem que vir da necessidade, da sede de mudança.
   Não pode ser imposta, e tem que acontecer na dinâmica das comunidades onde nós, psicólogos, vamos trabalhar.
   Foi aí que comecei um estágio em BH, de atendimento voluntário, na Pastoral da Acolhida de uma paróquia. Ainda quero contar mais sobre essa experiência que tanto enriqueceu meu aprendizado... que alimentou meu sonho, mas em outra ocasião direi mais sobre ela.
   Quando voltei pra Machado, já havia um projeto de atendimento implantado na Paróquia que frequento. O psicólogo Samuel atendia pessoas voluntariamente, pessoas que demandavam terapia e que nunca teriam condições de acesso ao atendimento psicológico na rede particular ou conveniada aos planos de saúde, e dificilmente conseguiriam atendimento regular no SUS, uma vez que sabemos como o sistema está saturado na cidade.
   Já havia a sementinha das coisas em que acredito. Peguei carona! 
   Ampliei o projeto, montamos meu consultório (eu e meus queridos pais, sem eles não haveria a estrutura com a qual conto hoje para os atendimentos, sou muito grata a eles por isso!), e passei a atender, aos sábados no período da manhã, na própria secretaria paroquial, que fica no bairro, na modalidade Aconselhamento Psicológico: um serviço de escuta clínica diferenciada que possibilita também a triagem de demandas, momento de informação, de acolhida e de reflexão. Optei por fazer esses atendimentos o mais próximo possível da população atendida.
   Iniciei também o atendimento de crianças na modalidade Psicoterapia Infantil. Para estes, optei pelo espaço físico do consultório, que já foi planejado com o intuito de atender essa faixa etária. As crianças foram selecionadas por triagem de demandas, através de critérios socioeconômicos e grau de urgência. 
   Hoje posso dizer com alegria que algumas crianças do projeto já tiveram alta e já estou selecionando mais crianças para preencher as vagas que disponibilizei. Existe fila de espera, sim. E eu gostaria muito que mais psicólogos se aliassem ao projeto, contribuíssem com idéias, sugestões e serviços. Fica o convite. Eu dedico alguns horários da minha semana. Sabe a tal história do beija-flor tentando apagar o incêndio da floresta? Pois é...
Ah, se sou uma boa alma caridosa? Acho que não. Estou muito inserida nesse sistema capitalista, preciso receber pelo que faço, como toda a classe. Então trabalho e recebo pelos serviços prestados sim! Assim como prevê o código de ética, eu considero a justa retribuição pelos serviços prestados e as condições dos clientes. Mas no caso do atendimento voluntário, a situação é de muita necessidade mesmo. São pessoas que tem encaminhamentos e mais encaminhamentos de médicos e de escolas mas que não conseguem acessar os serviços de psicologia. 
   E aí eu tinha que contar um pouquinho desse projeto e do quanto me sinto feliz fazendo parte dele. Samuel passou em um concurso e não está mais em Machado.  Estou sozinha no projeto (por enquanto, eu espero). Nas minhas conversas com amigos durante o curso, pensamos um pouco em caridade, no que isso seria, ou se seria o ser humano extremamente egoísta que só age em benefício próprio. Hoje eu sei o quanto meu trabalho me beneficia. É gratificante ver que pude ajudar, receber um sorriso, um abraço, ver que as pessoas estão tomando suas histórias e seus problemas e encontrando a autonomia para levar a própria vida como sujeitos... sentir que as transformações podem acontecer com gestos bem simples. Por estes termos posso estar agindo em meu benefício sim. E mais legal ainda, estou sendo coerente com meus princípios, com meus valores, com quem me tornei. Estou em paz...  E continuo me transformando nisso tudo. Sabe aquela coisa de mude sua mente, mude seu mundo? Aí, quando você muda seu mundo, você também muda sua mente!!
   Mas contei isso pra falar de amor. E falar de amor vai ficar pra outra postagem.

Por ora é só.

Abração!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Retomando

Sim, o blog passou um bom tempo sem novas postagens.
E eu poderia citar umas mil desculpas...algumas seriam as mesmas que dou pra não escrever mais poemas... outras, as mesmas que dou pra não cuidar de outras coisas também importantes.
Mas todas estas desculpas estão ligadas ao fato de que fico esperando o momento oportuno.
O momento oportuno geralmente é aquele em que estamos tranquilos, em paz e conosco e com tudo mais, com tempo livre, inspiração, concentração, bom humor e etc. E aí o momento oportuno demora, demora... e se esperamos muito, pode ser que ele não chegue.
Porque as coisas "mais importantes" vão dominando nosso tempo, nossa vontade, nossa vida! Porque a vontade de escrever, publicar, postar... passa! E vai passando cada vez mais depressa quando não atendemos ao nosso desejo de colocar nossas idéias no mundo.
Isso acontece no trabalho, quando temos uma boa sugestão pra fazer, mas ficamos aguardando muito o momento certo, a coragem, a oportunidade.
Isso acontece nos relacionamentos, quando esperamos as condições ideais pra conversar sobre algo que tem nos incomodado. Ou pra dizer um "Eu te amo!" ou um "Você é muito importante pra mim!". Pra reconhecer a  delícia que é a comida que el@ faz. O quanto admiramos as atitudes, as palavras del@.
Esperamos o momento oportuno pra comemorar, celebrar a vida. Abrir aquele vinho. Vestir aquela roupa.
É, o momento oportuno pode passar, despercebido assim. Passa por nós várias e várias vezes, discreto que é. Estamos tão concentrados em outras coisas, ou com tanto receio, ou é tamanho o desânimo, que não notamos.
A delícia toda é quando percebemos que o momento oportuno chegou. Colhemos entre as pistas da vida, a certeza de que não podemos deixá-la passar assim. E aí retomamos aquilo que é importante pra nós, mas que vivemos deixando em segundo plano.
Basta um pouco mais de atenção. Então percebemos somos nós que criamos dificuldades pro tal momento. E que esse tal clima propício que exigimos pode estar distante demais da realidade. Afinal, será que tudo é tão prioridade assim, que o que realmente nos é valioso tenha que ficar pra depois, até outra hora, até nunca mais?
Ah, as tais pistas de que é hora de retomar... Elas acontecem de inúmeras formas. E pra serem percebidas, dependem da nossa abertura pro mundo e da nossa sensibilidade.
Talvez eu esteja de fato mais atenta e mais sensível hoje. Resolvi retomar!
Convido o leitor à oportunidade que hoje se faz de retomar, reavaliar, ressignificar, rever aquelas coisas importantes e fundamentais, que estão encostadas em algum cantinho, esperando só você perceber que elas ainda tocam, ainda mobilizam, ainda podem brilhar!

Abraços e até!