A normalidade é determinada socialmente pela exigência de padrões que desconsideram o sujeito em sua individualidade. A norma é o comum à maioria das pessoas; então passamos a vê-la como o esperado, e até como o ideal. Mas pensando assim, subestimamos a experiência de cada um. Essa classificação gera sofrimento para quem não está em conformidade com as supostas regras. Mas a norma não é tão absoluta, visto que esses padrões são específicos dentro de cada cultura.
Nem sempre o “normal” significa saúde. Comportamentos que são ditos normais porque são comuns à maioria da população, podem sim ser doentios e restringir a vida das pessoas, fazendo-as sofrer.
A saúde está mais relacionada ao equilíbrio do que à normalidade, pois ele refere ao próprio indivíduo, em sua história, em seus anseios e suas potencialidades. Somos seres totais e formados por várias dimensões. Se uma parte do todo se encontra em desequilíbrio, o restante também é afetado. Estar em um equilíbrio saudável significa estar bem em relação a si mesmo, conseguir adaptar-se ao novo da melhor forma possível e estabelecer boas relações em seu meio social. O equilíbrio varia a cada nova situação na busca pela saúde e pela satisfação de necessidades.
Só o próprio sujeito pode estabelecer na sua vida a fronteira entre o saudável e o psicopatológico e julgar seu estado atual em relação ao seu estado anterior. É ele quem pode avaliar como se sente nesse momento; e isso vai além do normativo.