BEM VIND@!

Vamos falar de coisas da vida?
Vamos falar das coisas. E também da nossa vida.
Vamos trocar idéias! Aqui neste espaço virtual, nesse tempo incomum...
Singularidades.
Para ser cada vez mais si mesmo, estando cada vez mais inteiro no mundo e nas relações.
Pra mudar, para crescer, para transcender...




quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Quem a gente é.

Expectativas são naturais. Esperamos resultados de nossas ações, temos objetivos, planos, sonhos. E é bom poder viver e agir em conformidade com nossos gostos e projetos. Mas precisamos conciliar nossas expectativas à realidade e as outras pessoas com quem nos relacionamos. Precisamos ter clareza do nosso querer, das nossas limitações, da possibilidade de mudar de ideia e da nossa vontade de insistir. Cientes de nós mesmos e da realidade que nos cerca, podemos encarar os desafios da vida e ir em busca daquilo que nos atrai.
Para isso, é preciso autoconhecimento, reflexão e consciência. É necessário na vida de cada um, um “tempo para si”, para saber seus gostos, seus ideais, suas características. Tudo isso é fundamental, mas às vezes deixamos em segundo plano.
Estamos inseridos em um contexto de supervaloração do dinheiro, do status, da produção de coisas e de ideias. A sociedade, e até nós mesmos, passamos a nos cobrar mais eficiência, sucesso, e acabamos adotando um modelo de perfeição inatingível, em todas as áreas da vida. Ser bem sucedido na carreira, financeiramente, constituir um determinado tipo de família, ter um determinado carro, comprar certas coisas, freqüentar certos lugares, assistir certos programas, pensar da mesma forma, comer assim ou assado, ouvir determinado tipo de música, buscar uma determinada forma física; todas essas escolhas, das mais banais às mais importantes, tornam-se perigosas quando o modelo passa a ser externo a nós e já não agimos conforme nossas exigências. Se isso acontece, acabamos, mesmo sem perceber, seguindo um modelo alheio e colocando como meta algo que não diz nada de nós.
A autenticidade e o sentido da vida de cada pessoa se perdem quando entramos nesse jogo de representações sociais, de padrões de conduta. É preciso cuidar. Olhar para si mesmo, se conhecer, não sair por aí levantando bandeiras sem refletir. Intimidade e harmonia com quem você é nesse momento são importantes quando se quer fazer escolhas bem fundamentadas. Realmente é difícil ter essa consciência o tempo todo. Escolher sem pensar, seguir a corrente, pode ser bem menos trabalhoso. Mas esse movimento de olhar pra si mesmo com mais carinho é libertário. Não é que deixaremos de escolher entre o que já está dado. Mas faremos essa escolha com nossa implicação pessoal. Se contarmos também com a criatividade, construiremos novas opções. Assim, nos colocamos no mundo e agimos como seres totais: nossos aspectos biológicos e psicológicos, nosso contexto social, aquilo que apreendemos de nossa cultura, tudo o que nos tornamos e continuamos nos tornando em nossa história de vida; é esse conjunto total que faz cada pessoa ser única.
Refletir sobre as nossas expectativas e as dos outros é o que faz a diferença entre alienar-se ou não. Fazer escolhas conscientes, respeitando o fato de que, como seres relacionais, afetamos o mundo a nossa volta e somos afetados também, nos leva a ir em busca do nosso tesouro e não deixar simplesmente que decidam sempre por nós.
Só assim, olhando para nós mesmos, entenderemos que os tais heróis superpoderosos, acima do bem e do mal, não são de verdade. Porque os heróis da vida real erram, caem, choram, sentem vergonha e medo, tem a coragem de admitir que se cansam; mas não desistem de viver a própria história. São mortais que entendem aquilo que o escritor Paulo Leminski quis dizer, que “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”. É uma questão de mudar o enfoque. Podemos ser esses heróis reais. Podemos ir adiante.

Este texto também está em: www.portaldemachado.com


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Famílias

  A família é uma Instituição histórica que vem se modificando sem perder a sua importância. O Homem depende de cuidados ao nascer; depois vai se tornando mais independente, mas ainda faz parte de grupos. As famílias; que podem estar ligadas por vínculos como o sanguíneo ou o afetivo; são o primeiro grupo a que pertencemos, no qual vivemos experiências relacionais muito marcantes. Famílias, pois já não há uma só forma de agrupamento familiar, podem ser compostas por pai ou mãe, solteiros, e filhos; casais homossexuais; avós e netos; casais e filhos de outros relacionamentos; casais sem filhos; entre outras configurações.
 Qualquer agrupamento familiar pode ser funcional ou disfuncional. Nos grupos disfuncionais ocorrem situações de aniquilação do outro, extremos de desrespeito e violência doméstica. Já nos grupos funcionais há abertura para que seus membros se desenvolvam e se diferenciem, mas também existem afinidades e congruência, que possibilitam sentir segurança. Mais uma vez o equilíbrio é a medida saudável entre a homogeneidade e a heterogeneidade; e as famílias podem ser espaços de carinho e de educação para a vida.
  Todas as famílias, em maior ou menor grau, têm problemas e conflitos. A forma de lidar com eles dependerá também de como se veem no mundo, pois elas são parte de contextos maiores. A psicoterapia familiar é um auxílio diante da dificuldade em lidar com estes problemas, e quando o sofrimento das famílias pode levá-las ao adoecimento.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Espera


Sobre a espera pelos resultados de nossas ações, é preciso tomar cuidado com os extremos: não esperar nada da vida é viver à deriva; e criar expectativas além das possibilidades é ter grandes chances de se frustrar. Tenhamos bom senso. Um planejamento saudável também implica em buscar e saber lidar com as consequencias.
Quando tentamos nos privar de qualquer esperança ou projeto, é para fugir das frustrações, mas elas também fazem parte da vida. Outras vezes somos egocêntricos a ponto de exigir do mundo, e logo, o que queremos. Mas precisamos aprender a negociar entre o nosso desejo e a realidade, entendendo que não controlamos todas as variáveis e nem o desejo das outras pessoas. Uma postura livre de extremismos nos leva a aceitar tranquilamente que nem sempre a realidade corresponderá ao nosso querer.
A vida não é previsível, é uma eterna surpresa. Quando o inesperado é desagradável, cabe-nos recomeçar ou tomar novos rumos, nos adaptarmos. Bem ou mal, acabamos esperando algo porque ao plantar é típico colher. Mas agindo de maneira consciente, reconhecemos os nossos limites e a nossa verdadeira espera. É ela que nos orienta e nos mobiliza.


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Escuta...

"Paz sem voz não é paz. É medo." - O Rappa

Como é bom ser ouvido!
Ser lido, notado, compreendido!
Que alegria quando se é aceito
Perfeito!
Como é bom ser percebido!

Ah, que paz que existe naquela atenção especial, naquele interesse que a gente recebe depois de anos gritando pela mesma coisa. E gritar já é desespero mesmo!
Que força há naquele olhar que te lançam quando você já se sente invisível e opta por falar sozinho, e pior, emudecer.
Aquilo que é dito e não é escutado, é repetido.
Aquilo que é dito e é acolhido com respeito e entusiasmo tem o potencial de transformar vidas!

Não é preciso concordar com ideias nem ser conivente com nada. A questão toda não está em confirmar o pensamento, mas sim em confirmar a pessoa.



A Flor e a Náusea
Carlos Drummond de Andrade

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Uma flor nasceu na rua!

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia, mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Psicologia e espiritualidade


  A ciência psicológica reconhece os benefícios da espiritualidade na vida das pessoas. Como busca pessoal de respostas sobre o sentido da vida e o transcendente, a espiritualidade relaciona-se às religiões, que são conjuntos partilhados de crenças, ritos e símbolos e têm a função de aproximar a pessoa do sagrado.
  Ao falarmos de psicologia e espiritualidade, não elegemos a religião “certa”, e nem podemos estabelecer uma oposição entre aspectos psicológicos e espirituais. Ir ao templo, à igreja, entre outros; ou ter um lado espiritual independente de religiões; não exclui a possibilidade de ir ao setting terapêutico. Pesquisas vêm demonstrando a importância da fé na saúde, no enfrentamento dos problemas, na aderência do sujeito à psicoterapia, e na obtenção de melhores resultados nas intervenções psicológicas. Entendemos que a dimensão espiritual é complementar às dimensões física, psicológica e social na totalidade do ser.
  A maturidade espiritual pode facilitar a compreensão das doenças físicas pelo paciente durante o tratamento médico, e auxiliá-lo no processo de cura. Assim também, diante de dificuldades psicológicas, a busca do equilíbrio pode passar pela certeza do sagrado, pela fé e pela procura de respostas, considerando sempre a importância do tratamento psicológico quando necessário. A postura ética do psicólogo deve abarcar o respeito empático pela espiritualidade do cliente.