BEM VIND@!

Vamos falar de coisas da vida?
Vamos falar das coisas. E também da nossa vida.
Vamos trocar idéias! Aqui neste espaço virtual, nesse tempo incomum...
Singularidades.
Para ser cada vez mais si mesmo, estando cada vez mais inteiro no mundo e nas relações.
Pra mudar, para crescer, para transcender...




quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Normalidade x Equilíbrio

A normalidade é determinada socialmente pela exigência de padrões que desconsideram o sujeito em sua individualidade. A norma é o comum à maioria das pessoas; então passamos a vê-la como o esperado, e até como o ideal. Mas pensando assim, subestimamos a experiência de cada um. Essa classificação gera sofrimento para quem não está em conformidade com as supostas regras. Mas a norma não é tão absoluta, visto que esses padrões são específicos dentro de cada cultura.
Nem sempre o “normal” significa saúde. Comportamentos que são ditos normais porque são comuns à maioria da população, podem sim ser doentios e restringir a vida das pessoas, fazendo-as sofrer.
 A saúde está mais relacionada ao equilíbrio do que à normalidade, pois ele refere ao próprio indivíduo, em sua história, em seus anseios e suas potencialidades. Somos seres totais e formados por várias dimensões. Se uma parte do todo se encontra em desequilíbrio, o restante também é afetado. Estar em um equilíbrio saudável significa estar bem em relação a si mesmo, conseguir adaptar-se ao novo da melhor forma possível e estabelecer boas relações em seu meio social. O equilíbrio varia a cada nova situação na busca pela saúde e pela satisfação de necessidades.
Só o próprio sujeito pode estabelecer na sua vida a fronteira entre o saudável e o psicopatológico e julgar seu estado atual em relação ao seu estado anterior. É ele quem pode avaliar como se sente nesse momento; e isso vai além do normativo.

Versões

É preciso ter cuidado diante das histórias que ouvimos, para não tomá-las como verdadeiras antes de refletir um pouco. Repetir histórias únicas pode ser cômodo, mas também é perigoso.
Como sujeitos pensantes, não podemos esquecer nossa capacidade crítica e o benefício da dúvida. É claro que nos apoiamos em algumas certezas, pois existe um mundo de cultura anterior a nós. Mas tomar tudo o que é dito enfaticamente como verdade absoluta nos torna impressionáveis e vulneráveis, porque nos leva a desconsiderar a origem da história, o contexto, os jogos de interesses. Não podemos ignorar que há sempre outro lado.
 Mesmo envolvidos pela grande mídia e imersos na cultura, ainda podemos questionar, ampliar nossos horizontes, conhecer outras versões, e assim, chegar às nossas próprias conclusões; e isso liberta porque quebra “pré-conceitos”.
Não falo de relativizar, mas de conhecer primeiro, aprofundar, buscar os pontos que possibilitem o diálogo. E ainda assim admitir, mas com a consciência mais tranquila, que nosso conhecimento não é pleno. Passeando entre as várias versões e formulando a nossa, ainda conviveremos com incertezas, mas também com a possibilidade de conhecer mais e melhor.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Avaliando a saúde psicológica

A avaliação psicológica é um processo de coleta e análise de dados obtidos em procedimentos confiáveis, visando conhecer aspectos psíquicos do cliente. Pode ser utilizada com finalidades clínicas, em seleções, diante de dificuldades psicológicas e nos diversos contextos em que a Psicologia é atuante.
Nesta avaliação, além dos testes psicológicos, podem ser utilizados outros recursos e técnicas. Apenas o psicólogo pode empregar os testes, e somente os originais e de utilização favorável pelo conselho profissional. Na análise dos resultados, o psicólogo deve estar capacitado para perceber as interferências possíveis e considerar as implicações do contexto histórico e social, e seus efeitos no psiquismo.  Forjar as respostas e ações em entrevistas, dinâmicas de grupo e testes, não beneficia o cliente, independentemente da finalidade da avaliação, pois os instrumentos e técnicas psicológicas são elaborados de maneira a detectar esse tipo de comportamento.
A avaliação da saúde psicológica é muito importante, pois pode subsidiar uma decisão em relação à pessoa. O sujeito submetido a ela tem o direito de receber informações sobre o trabalho a ser realizado; de acessar os resultados obtidos; e de receber os documentos resultantes do processo, com as informações necessárias. Após a avaliação, o psicólogo faz os devidos encaminhamentos conforme os resultados e a sintomatologia apresentada, sempre se posicionando de maneira crítica e ética.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Quem a gente é.

Expectativas são naturais. Esperamos resultados de nossas ações, temos objetivos, planos, sonhos. E é bom poder viver e agir em conformidade com nossos gostos e projetos. Mas precisamos conciliar nossas expectativas à realidade e as outras pessoas com quem nos relacionamos. Precisamos ter clareza do nosso querer, das nossas limitações, da possibilidade de mudar de ideia e da nossa vontade de insistir. Cientes de nós mesmos e da realidade que nos cerca, podemos encarar os desafios da vida e ir em busca daquilo que nos atrai.
Para isso, é preciso autoconhecimento, reflexão e consciência. É necessário na vida de cada um, um “tempo para si”, para saber seus gostos, seus ideais, suas características. Tudo isso é fundamental, mas às vezes deixamos em segundo plano.
Estamos inseridos em um contexto de supervaloração do dinheiro, do status, da produção de coisas e de ideias. A sociedade, e até nós mesmos, passamos a nos cobrar mais eficiência, sucesso, e acabamos adotando um modelo de perfeição inatingível, em todas as áreas da vida. Ser bem sucedido na carreira, financeiramente, constituir um determinado tipo de família, ter um determinado carro, comprar certas coisas, freqüentar certos lugares, assistir certos programas, pensar da mesma forma, comer assim ou assado, ouvir determinado tipo de música, buscar uma determinada forma física; todas essas escolhas, das mais banais às mais importantes, tornam-se perigosas quando o modelo passa a ser externo a nós e já não agimos conforme nossas exigências. Se isso acontece, acabamos, mesmo sem perceber, seguindo um modelo alheio e colocando como meta algo que não diz nada de nós.
A autenticidade e o sentido da vida de cada pessoa se perdem quando entramos nesse jogo de representações sociais, de padrões de conduta. É preciso cuidar. Olhar para si mesmo, se conhecer, não sair por aí levantando bandeiras sem refletir. Intimidade e harmonia com quem você é nesse momento são importantes quando se quer fazer escolhas bem fundamentadas. Realmente é difícil ter essa consciência o tempo todo. Escolher sem pensar, seguir a corrente, pode ser bem menos trabalhoso. Mas esse movimento de olhar pra si mesmo com mais carinho é libertário. Não é que deixaremos de escolher entre o que já está dado. Mas faremos essa escolha com nossa implicação pessoal. Se contarmos também com a criatividade, construiremos novas opções. Assim, nos colocamos no mundo e agimos como seres totais: nossos aspectos biológicos e psicológicos, nosso contexto social, aquilo que apreendemos de nossa cultura, tudo o que nos tornamos e continuamos nos tornando em nossa história de vida; é esse conjunto total que faz cada pessoa ser única.
Refletir sobre as nossas expectativas e as dos outros é o que faz a diferença entre alienar-se ou não. Fazer escolhas conscientes, respeitando o fato de que, como seres relacionais, afetamos o mundo a nossa volta e somos afetados também, nos leva a ir em busca do nosso tesouro e não deixar simplesmente que decidam sempre por nós.
Só assim, olhando para nós mesmos, entenderemos que os tais heróis superpoderosos, acima do bem e do mal, não são de verdade. Porque os heróis da vida real erram, caem, choram, sentem vergonha e medo, tem a coragem de admitir que se cansam; mas não desistem de viver a própria história. São mortais que entendem aquilo que o escritor Paulo Leminski quis dizer, que “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”. É uma questão de mudar o enfoque. Podemos ser esses heróis reais. Podemos ir adiante.

Este texto também está em: www.portaldemachado.com


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Famílias

  A família é uma Instituição histórica que vem se modificando sem perder a sua importância. O Homem depende de cuidados ao nascer; depois vai se tornando mais independente, mas ainda faz parte de grupos. As famílias; que podem estar ligadas por vínculos como o sanguíneo ou o afetivo; são o primeiro grupo a que pertencemos, no qual vivemos experiências relacionais muito marcantes. Famílias, pois já não há uma só forma de agrupamento familiar, podem ser compostas por pai ou mãe, solteiros, e filhos; casais homossexuais; avós e netos; casais e filhos de outros relacionamentos; casais sem filhos; entre outras configurações.
 Qualquer agrupamento familiar pode ser funcional ou disfuncional. Nos grupos disfuncionais ocorrem situações de aniquilação do outro, extremos de desrespeito e violência doméstica. Já nos grupos funcionais há abertura para que seus membros se desenvolvam e se diferenciem, mas também existem afinidades e congruência, que possibilitam sentir segurança. Mais uma vez o equilíbrio é a medida saudável entre a homogeneidade e a heterogeneidade; e as famílias podem ser espaços de carinho e de educação para a vida.
  Todas as famílias, em maior ou menor grau, têm problemas e conflitos. A forma de lidar com eles dependerá também de como se veem no mundo, pois elas são parte de contextos maiores. A psicoterapia familiar é um auxílio diante da dificuldade em lidar com estes problemas, e quando o sofrimento das famílias pode levá-las ao adoecimento.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Espera


Sobre a espera pelos resultados de nossas ações, é preciso tomar cuidado com os extremos: não esperar nada da vida é viver à deriva; e criar expectativas além das possibilidades é ter grandes chances de se frustrar. Tenhamos bom senso. Um planejamento saudável também implica em buscar e saber lidar com as consequencias.
Quando tentamos nos privar de qualquer esperança ou projeto, é para fugir das frustrações, mas elas também fazem parte da vida. Outras vezes somos egocêntricos a ponto de exigir do mundo, e logo, o que queremos. Mas precisamos aprender a negociar entre o nosso desejo e a realidade, entendendo que não controlamos todas as variáveis e nem o desejo das outras pessoas. Uma postura livre de extremismos nos leva a aceitar tranquilamente que nem sempre a realidade corresponderá ao nosso querer.
A vida não é previsível, é uma eterna surpresa. Quando o inesperado é desagradável, cabe-nos recomeçar ou tomar novos rumos, nos adaptarmos. Bem ou mal, acabamos esperando algo porque ao plantar é típico colher. Mas agindo de maneira consciente, reconhecemos os nossos limites e a nossa verdadeira espera. É ela que nos orienta e nos mobiliza.


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Escuta...

"Paz sem voz não é paz. É medo." - O Rappa

Como é bom ser ouvido!
Ser lido, notado, compreendido!
Que alegria quando se é aceito
Perfeito!
Como é bom ser percebido!

Ah, que paz que existe naquela atenção especial, naquele interesse que a gente recebe depois de anos gritando pela mesma coisa. E gritar já é desespero mesmo!
Que força há naquele olhar que te lançam quando você já se sente invisível e opta por falar sozinho, e pior, emudecer.
Aquilo que é dito e não é escutado, é repetido.
Aquilo que é dito e é acolhido com respeito e entusiasmo tem o potencial de transformar vidas!

Não é preciso concordar com ideias nem ser conivente com nada. A questão toda não está em confirmar o pensamento, mas sim em confirmar a pessoa.



A Flor e a Náusea
Carlos Drummond de Andrade

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Uma flor nasceu na rua!

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia, mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Psicologia e espiritualidade


  A ciência psicológica reconhece os benefícios da espiritualidade na vida das pessoas. Como busca pessoal de respostas sobre o sentido da vida e o transcendente, a espiritualidade relaciona-se às religiões, que são conjuntos partilhados de crenças, ritos e símbolos e têm a função de aproximar a pessoa do sagrado.
  Ao falarmos de psicologia e espiritualidade, não elegemos a religião “certa”, e nem podemos estabelecer uma oposição entre aspectos psicológicos e espirituais. Ir ao templo, à igreja, entre outros; ou ter um lado espiritual independente de religiões; não exclui a possibilidade de ir ao setting terapêutico. Pesquisas vêm demonstrando a importância da fé na saúde, no enfrentamento dos problemas, na aderência do sujeito à psicoterapia, e na obtenção de melhores resultados nas intervenções psicológicas. Entendemos que a dimensão espiritual é complementar às dimensões física, psicológica e social na totalidade do ser.
  A maturidade espiritual pode facilitar a compreensão das doenças físicas pelo paciente durante o tratamento médico, e auxiliá-lo no processo de cura. Assim também, diante de dificuldades psicológicas, a busca do equilíbrio pode passar pela certeza do sagrado, pela fé e pela procura de respostas, considerando sempre a importância do tratamento psicológico quando necessário. A postura ética do psicólogo deve abarcar o respeito empático pela espiritualidade do cliente.

sábado, 27 de agosto de 2011

Feliz dia d@ Psicolólog@!!!

É a minha profissão. Escolhi para a minha vida e amo o que faço. Tenho essa certeza quando chego revigorada depois de um dia de trabalho, pensando no quanto é bom estar na ocupação que te realiza. E aí penso no quanto é melhor ainda quando a gente busca se aperfeiçoar no que faz.
No caso da Psicologia, nós, profissionais da área, estamos em constante crescimento. É preciso buscar o conhecimento na ética, na técnica, na teoria... mas também o crescimento pessoal. É preciso refletir  sobre temas concernentes aos direitos humanos, situar-se em meio à mudança, estar aberto a viver e a compreender.
Hoje, dia d@ Psicólog@, quero compartilhar com vocês o texto do Psicologia online, e sugerir que assistam aos vídeos. Psis ou não, vale a pena ver e pensar nestes...
 Homens e mulheres, curti especialmente o último vídeo!
Saudações aos colegas de profissão, e saudações repletas de saudades àquel@s que se tornaram psicólog@s junto comigo.

27 de agosto: parabéns psicóloga, parabéns psicólogo
Psicóloga, psicólogo.
O Conselho Federal de Psicologia parabeniza a todas e todos pelo Dia da Psicóloga e do Psicólogo.
Em 2011, o CFP celebra o 27 de agosto, Dia da psicóloga e do psicólogo, tendo como mote a campanha Psicologia: profissão de muitas e diferentes mulheres. O tema vem sendo tratado em campanha ao longo de todo o ano e valoriza a presença das mulheres na profissão, já que as psicólogas são cerca de 89% da categoria.
E para comemorar o Dia 27, foi preparada uma série de vídeos que buscam refletir não só sobre o  papel da psicologia na cidadania plena das mulheres, mas também colocar em foco algumas questões que têm repercussão direta na vida das mulheres e nos processos democráticos. Assista a seguir:
Contribuição das mulheres para a profissão
http://www.youtube.com/watch?v=xMN3HwWvl9Q.
Mulheres em espaços de poder.  
http://www.youtube.com/watch?v=EXLNUFTYU9Q
Mídia, mulheres, Psicologia.  
http://www.youtube.com/watch?v=XBPQruIp7Gw
Homens falam sobre mulheres e Psicologia
http://www.youtube.com/watch?v=vQaZCmBzI3g


Assista e divulgue!


Abraço!


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Medo


Diariamente, recebemos informações sobre violência e corrupção, quando não somos nós mesmos que sofremos. Preocupar-se é normal diante disso, mas esse temor não deve nos levar a um desequilíbrio. O medo tem dificultado o lazer, a circulação e a paz. Se nos deixarmos levar, acabaremos desconfiando de todos e nem saindo mais de casa; mas privar-se de viver e de ocupar os espaços que são nossos não é o melhor caminho.
O medo nos impede de correr grandes riscos e sofrer consequências desagradáveis, nos protege. Mas deve ser na quantidade adequada e diante de riscos reais. Quando é demais, paralisa e nos priva da liberdade. Já a cautela nos faz prestar atenção, ter cuidado e ir além na nossa reflexão sobre as coisas,  percebendo que esse quadro de desrespeito não aconteceu “do nada”. Segurança é um dever do Estado, mas também é um direito e responsabilidade de todos. Se nos escondemos e nos conformamos, a violência e a corrupção se banalizam.
Viver é arriscar-se. Ou assumimos os riscos cautelosamente, mas vivendo bem e lutando por mais justiça, mais respeito, e honestidade em nossas atitudes e nas dos outros; ou superestimamos o medo e o espalhamos por aí. Prefiro a primeira opção.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A que profissional recorrer

Existem vários profissionais que cuidam da saúde mental. Entre eles estão psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e neurologistas. Para saber a que profissional recorrer, é importante conhecer melhor a atuação de cada um deles.
O psicólogo é o profissional graduado em Psicologia; está habilitado a fazer avaliações psicológicas, psicodiagnósticos, psicoterapia, aconselhamento e orientação psicológica, entre outros. O trabalho deste profissional não está relacionado somente à presença de psicopatologias; ele atua também em contextos como escolas, hospitais e grupos. Embora existam várias abordagens com técnicas específicas de tratamento, o principal instrumento é a comunicação interpessoal. É indicado aos primeiros sintomas de sofrimento psicológico, na busca de autoconhecimento, na administração de problemas cotidianos e relacionais, etc.
O psicanalista é o profissional que aprofundou seus conhecimentos em Psicanálise, uma teoria da personalidade humana. O método psicanalítico enfoca a importância e a interpretação dos conteúdos inconscientes. Pode-se buscá-lo diante de conflitos psíquicos, para o autoconhecimento, entre outras demandas.
O psiquiatra é o médico que se especializou em Psiquiatria e está habilitado a fazer diagnósticos, prescrever medicamentos e cuidar de transtornos como o de depressão, o de ansiedade e a dependência química. Recorre-se a ele no tratamento dos transtornos psíquicos, mas também na prevenção destes.
O neurologista também é médico, mas é especialista em Neurologia e trata distúrbios do sistema nervoso. Relaciona-se à saúde mental porque diagnostica e trata doenças mentais de base orgânica, causadas por disfunções fisiológicas e fatores físicos. Consultar o neurologista pode ser importante na obtenção de um diagnóstico diferencial, quando se suspeita que um distúrbio possa ter causas orgânicas.
Mesmo com esta divisão entre as profissões, a atuação no cuidado em saúde mental é complementar. Muitas vezes a pessoa precisa, por exemplo, iniciar um tratamento medicamentoso para que estabilize sua condição e possa iniciar uma psicoterapia. Estes profissionais estão aptos a reconhecer qual é a melhor indicação terapêutica e assim, encaminhar ao tratamento mais adequado.



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Psicoterapia

A Psicologia é a ciência que se dedica ao estudo da mente e do comportamento. A psicoterapia é uma das práticas da Psicologia, e visa promover a saúde mental e propiciar condições para o enfrentamento de conflitos e/ou trans­tornos psíquicos de pessoas e grupos.
Atualmente, é reconhecida a importância do cuidado consigo mesmo, e alguns pré conceitos já estão sendo repensados; sabe-se que psicoterapia não é apenas “para loucos”, mas para todos que desejarem cuidar melhor da própria saúde mental. Pode procurar esse auxílio psicoterápico quem não está conseguindo lidar mais com seus conflitos, dificuldades e problemas. Quem está buscando autoconhecimento, ou passando por crises emocionais relacionadas a alguma área da vida. Enfim, pode fazer psicoterapia toda pessoa que sente que vai se beneficiar desse processo de enfrentamento de suas próprias questões. Nos transtornos psicológicos, pode atuar também de forma preventiva; aos primeiros sintomas de ansiedade, tristeza, medo, etc.; quando a intensidade e frequência destes indicar a necessidade de cuidados.
Ao decidir-se por iniciar um tratamento psicológico, é fundamental sentir-se à vontade com o psicólogo. A personalidade de ambos e a abordagem adotada pelo profissional são fatores importantes na criação do vínculo. As informações da pessoa não são divulgadas, porque o psicólogo clínico, salvas as situações de risco, tem o compromisso ético do sigilo profissional. Também é necessário o comprometimento com a psicoterapia e isso inclui a vontade do cliente de se tratar. A duração é variável conforme a pessoa/grupo e objetivos. Outro fator importante a ser considerado é que não são existem soluções mágicas e o psicólogo não é o detentor de todas as respostas. Trata-se mais de um processo de busca e construção na relação psicoterapeuta e cliente, e dessa forma, visa promover a independência do sujeito, para que ele atinja o equilíbrio necessário e possa agir com mais autonomia.
Estamos em uma era de extrema racionalidade técnica, em que o dinheiro se torna cada vez mais importante e tudo precisa ser eficiente, inclusive as pessoas. Mas para não adoecermos, precisamos desacelerar e refletir sobre a nossa vida, nossas vontades, elaborar sentidos. A psicoterapia é um espaço para a necessária elaboração, porque apesar da exigência mercadológica de estarmos sempre bem e sempre prontos, somos humanos. O respeito pela pessoa como ela se apresenta é o eixo principal da Psicologia.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

+ Amor: Psicologia

  Como é difícil definir operacionalmente o amor na "ciência humana" Psicologia! Não podemos quantificá-lo precisamente, não podemos manipulá-lo ou reproduzi-lo em laboratórios. Mas sabemos que ele existe, na ciência, na filosofia e no senso comum.
 Enquanto psicóloga, entendo o amor como um sentimento, conjunto de sensações e emoções. É o estado psicológico de estar amando e/ou sentir-se amado. É  um componente importante da experiência humana, compreendido por cada pessoa a partir de suas próprias vivências e  também a partir da cultura, da rede de significações.

  Mais:

Sternberg (1986) criou teoria triangular do amor, na qual os relacionamentos são caracterizados por três elementos: intimidade, paixão e compromisso. De acordo com o autor, um relacionamento baseado em um único elemento tem menos chances de sobreviver do que um baseado em dois ou mais. Com a presença ou ausência de cada um dos elementos temos as combinações de sentimentos:
  • Amizade (intimidade)
  • Limerence (paixão)
  • Amor vazio (compromisso)
  • Amor romântico (intimidade + paixão)
  • Companheirismo amoroso (intimidade + compromisso)
  • Amor fugaz (paixão + compromisso)
  • Amor consumado (intimidade + paixão + compromisso)

Costa (1998) define o amor como uma crença que pode ser mantida, alterada, dispensada, melhorada, piorada ou abolida. Esta percepção do amor como uma crença emocional permite a quem ama uma liberdade para perceber e se relacionar com o amor de uma maneira própria, o que possibilita aperfeiçoar as convicções amorosas sem a preocupação de atingir a perfeição em tais convicções, mas com o objetivo de melhorar a qualidade das relações amorosas.

Erick From (1994) conceitua o amor não como uma relação com uma pessoa específica, mas como uma atitude, uma orientação de caráter, que determina a relação de alguém para com o mundo como um todo e não para com um "objeto" de amor.

 Schettini Filho (2000) afirma que nas relações interpessoais, a grande conquista é o amor pelo outro e não o amor do outro. Visto que buscar o amor do outro dá idéia de querer possuí-lo, dominá-lo. Já buscar o amor pelo outro, sem que deste outro seja cobrado nada, há um respeito à liberdade do outro. Ele afirma que dessa maneira a relação estabelecida entre quem ama e quem é amado é uma relação de afeto, onde quem ama tem sempre presente em si o ser amado, se entrega a este ser conscientemente e respeita a aceitação ou rejeição que tal entrega pode provocar. Ele ressalta que quem ama, mesmo com a constante presença em si do ser amado, continua a ter sua individualidade, o que faz agradar o outro sem desagradar a si próprio. Para tal autor o amor não pede refúgio na fantasia e negação dos defeitos de quem se ama. Ao contrário, o amor possibilita uma aceitação do outro, um estar disponível ao outro.

Cardella (1994), sobre esta disposição ao outro, diz que o amor é a polaridade oposta do egocentrismo e do sofrimento de natureza emocional. E cabe neste estado de disposição ao outro a imposição de limites entre si e o outro. A autora destaca que estar disponível ao outro e, ao mesmo tempo, impor limites na relação entre si e o outro, implica uma satisfação mútua, tal satisfação está diretamente ligada com as formas de manifestação de amor vivenciadas por quem ama e quem é amado.  

Luiggi Giussani (2004 e 2009) cunhou o termo Experiência Elementar, que significa o que está na base de todo comportamento humano. Através da experiencia elementar a pessoa reconhece suas exigências e as evidências de uma existência e de uma transcendência. É a Experiência Elementar que faz com que as pesoas emitam juízos pessoais e encontrem correspondência entre a realidade e seus anseios.
O amor seria uma das exigências humanas, que uma vez correspondida, faz-se buscar muito mais dessa satisfação. Também são exigências a beleza, a verdade, a liberdade e a justiça.


Referências:

segunda-feira, 25 de julho de 2011

+ Amor: Filosofia

Amor é um conhecido nosso. E também é um tema pensado em Filosofia.
Na postagem de hoje trago algumas palavras sobre as concepções Platônica e Agostiniana de Amor. 


Platão no detalhe da obra Academia de Platão [Rafael Sanzio]

  Platão (Atenas, 428 ou 427 a.C - 348/347 a.C.) compara o amor a uma escada que vai do mais relativo ao mais absoluto. Este seria o amor eterno pela beleza em si mesma. Mas é o que a beleza desperta que nos faz subir a escada. A busca do belo e do bom. 
  Para esse filósofo o amor acontece pela falta. Somos incompletos e buscamos no amado a completude. Amar viria, assim, de um desejo natural de plenitude, da busca pela verdade essencial no amado. 
 O amor platônico não é o que poderíamos chamar de amor covarde, que acomoda-se às limitações, mas é o caminho vivido, que faz com que possamos diminuir nossos erros, pois não se fundamenta nas paixões, que podem nos cegar, mas sim na virtude.

 Santo Agostinho, detalhe da obra de Sandro Botticelli , 1480.

  Tornando-se conhecido por cristianizar as ideias de Platão, Santo Agostinho (Aurélio Agostinho: Tagaste, 354 - Hipona, 430) entende o amor como substância da alma, e assim sendo, todos somos capazes de amar. Porém faz-se necessária a escolha do que amar. Santo Agostinho defende a direção do amor ao bem absoluto. Assim o amor seria a forma com a que nos religamos ao eterno. Este filósofo toma o amor como lei existencial. "É infeliz o homem que não ama." - Confissões (398).
  Para ele, o amor é não é incompletude, mas sim um prolongamento de si mesmo ao encontro do outro. O amor é o que traz a felicidade pois dá significado a experiência humana.

Bibliografia:
2008. Paulo Ghiraldelli Jr. Disponível em: http://portal.filosofia.pro.br/o-que--amor-platnico.html
2008. Monteiro, S. O amor em Santo Agostinho. Disponível em: http://suelymonteiro.blogspot.com/2008/08/marco-antonio-separavich-santo.html
Fr. Rogério Gomes.O amor em Santo Agostinho, antes de sua conversão. Disponível em: http://www.3pinformatica.com.br/redemptor/fotos/fotos/admin/imagens/revistas/pdf/amorhumanoemsantoagostinho.pdf

quinta-feira, 7 de julho de 2011

+ Amor: cotidiano

 Disseram-me que:

O amor é muito importante.  
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. -  
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."  1 Coríntios 13. "O amor é mais forte do que a morte."-O cântico dos cânticos de Salomão. "Afinal, será que amar é mesmo tudo?"- Fernanda Mello e Rogério Flausino. "Nada é pequeno no amor. Quem espera as grandes ocasiões para provar a sua ternura não sabe amar."- Laure Conan 
O amor é o encontro insaciável de duas almas que encontram paz uma na outra. É um nobre sentimento, quiçá um Deus.  Não é algo que se banalize. É infinito. Nos faz viver. É o que nos resume. É destino. O amor de Deus é o único incondicional, mas Ele nos fez a sua imagem e semelhança, e com essa capacidade de amar. Por isso amamos um aos outros.

O amor é um conjunto. "Tudo é amor.
Até o ódio, o qual julgas ser a antítese do amor, nada mais é senão o próprio amor que adoeceu gravemente." Chico Xavier
"Quando o amor é sincero, ele vem com um grande amigo, e quando a amizade é concreta, ela vem cheia de amor e carinho." William Shakespeare.
É respeito, carinho e admiração. Tem o poder de unir vários outros sentimentos ou ações. É querer bem, é saúde, é paz, nos deixa felizes e bobos. É paixão e compaixão, um carinho muito grande! É sinceridade, magia e liberdade. Se desenvolve baseado em confiança, interesse, cooperação.

O amor é doação. "Quem ama realmente, nada pede, nada reclama, nada exige e nada procura, senão a alegria do objeto amado, para que o amor se estenda, a multiplicar-se, soberano e sem fim." Chico Xavier.
É gostar de alguém mais do que você mesmo, pensar mais na outra pessoa que em você. É abrir mão de algumas coisas para poder desfrutar mais tempo com a pessoa sem ter que jogar isso na cara dela. É tudo aquilo que a gente faz de coração sem esperar nada em troca. É vontade de ajudar, de doar-se.

O amor é complexo. Envolve mais pessoas. Tem mais formas. "É preciso permitir que alguém nos ajude, nos apóie, nos dê forças para continuar. Se aceitamos este amor com pureza e humildade,vamos entender que o Amor não é dar ou receber, é participar." Paulo Coelho. Existem várias formas de amor. Cada um ama de um jeito, cada um tem sua forma de demonstrar. O amor tem duas faces: amar e ser amado.

Pra finalizar, hoje eu quero destacar os versos de Tocando em frente (Almir Sater e Renato Teixeira), não pude deixar de lembrar...


Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz...



Obrigada por tudo que vocês me disseram!





quarta-feira, 29 de junho de 2011

Falando de amor

   Na última postagem do blog eu acabei defletindo um pouco. Em Gestalt-terapia entendemos deflexão como o mecanismo de defesa que evita o contato direto, desviando a energia de seu objeto (Polster). Usar termos mais técnicos é um bom exemplo disso. Eu fiz uma explanação mais racional sobre o projeto, e sobre os motivos que me levaram a executá-lo. Mas como concluí, eu queria mesmo era falar de amor.
  Amor?! Ouso.
 Mas se o amor é um critério importante para minhas ações no mundo, não posso desconsiderá-lo. Quando penso no projeto, percebo que não há outra forma de me posicionar senão em uma atitude de amor. E não há maior motivação para executá-lo. Estou falando do significado do amor para mim, enquanto pessoa. Resultado da Psicologia, da Filosofia, do Cotidiano...

Cotidiano
  Foi pensando em amor, e no que é amor para mim, que resolvi fazer uma pesquisa e esta rendeu um artigo na coluna "Blogando Ideias", do Jornal Sul das Gerais:

  “O que é amor para você?”

Então me pego com essa questão estranha na ponta da língua, no cume da curiosidade. Tentando entender.
 Já me perguntaram sobre amor. Respondi que não era algo sobre o qual eu sabia falar muito. Por ser da ordem da experiência, foge à lógica. Eu sei amar. Mas tudo o que eu disser sobre amor será no máximo penumbra. Palavras, preciso de palavras!
 Resolvi fazer uma pesquisa. Assim, sedenta de aproximações possíveis. Necessitada da organização alheia para encontrar mais sobre amor no meu caos. Eu quis saber “o que é amor para você?”.  E no caos das outras pessoas encontrei que o amor é sentimento. E que é construção.
 Como sentimento o amor te toma e não há como negá-lo. Como construção ele se apresenta na escolha. Por mais que pareçam paradoxais, essas ideias são complementares. E isso já é o meu caos se tornando cais.
 O amor pode acontecer quando escolhermos estar abertos a ele, dispostos a entrar em contato. E aí ele pode acontecer entre. E se ele só acontece entre, pode ser projeto.   O sentimento alimenta nossa construção de amor. Esta, e todos os seus símbolos nos tornam mais sensíveis. Círculo vicioso. E delicioso.
 Delicioso também é ouvir as pessoas falando de amor. De seus amores. Ler os poemas de amor, as crônicas e os romances. Ouvir as músicas e assistir aos filmes.
Como é bom saber que o amor é tão conhecido! Como Deus, sentimento ou essência, como possibilidade ou arrebatamento, como um destino, um aprendizado ou uma busca, um conjunto de sensações ou de histórias... Com simplicidade ou com rebuscamento, sim, conhecemos o amor. Gostei muito de conhecê-lo melhor.
 E ainda é possível mais sabor que o do saber sobre amor: Amar! A delícia maior é amar!

 Muitos dos entrevistados (senão todos) falaram sobre amor a partir da vivência. É legal ver como nossas ideias sobre amor acabam confluindo. E o quanto todos falaram com propriedade dessa experiência viva e integradora.
  Mas às vezes, no nosso cotidiano, percebemos que o tema amor é tratado em dois extremos: o da evitação e o da banalização.  Falar de amor pode se tornar tabu, piegas ou até piada quando desconsideramos a força e importância dele.
  Lembremo-nos que o amor pertence à experiência humana geral e é fundamental na vida das pessoas desde o início. Assim, quando somos convidados a olhar com seriedade para um tema que nos é caro, quando percebemos com que cuidado ele é tratado, passamos a cuidar melhor da nossa experiência. Quando conversamos sobre o que o amor representa realmente para nós, construímos muito. 
 Eu ainda não defino bem o amor, e acredito que seja um tema  inesgotável.  Aqui cabe um pouco das coisas que li, vi, ouvi e pensei nos últimos dias. Seria um reducionismo dizer que isso é amor. Mas amor é isso também. Confira:



 Ah, e as respostas das pessoas... nas próximas postagens também falarei sobre elas.
 Até!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Projeto de Atendimento Psicológico

   Já no início do curso de Psicologia, eu pensava que o que eu queria fazer depois de formada era “transformar” (dar nova forma!). Sempre pensei que se eu estava ali, cursando Psicologia em uma Universidade Federal, eu devia isso, e muito, a uma sociedade que me possibilitou permanecer lá. Então firmei um compromisso com a mudança do meu mundo. Porque eu sentia que, sim, era necessário, como cidadã mesmo, devolver em forma de serviço, aquilo que a própria sociedade me proporcionou.
   Eu não sabia muito bem como fazer isso. Não queria apenas levantar a bandeira de compromisso social para minha autopromoção, da forma típica que muitas empresas vêm fazendo, e que agora é moda. Também não queria transformar no sentido colonizador, pois o conhecimento e a verdade não estão comigo. Mas eu queria que alguma coisa pudesse ser diferente... melhorar na vida das pessoas. 
   Eu queria que minha ação no mundo estivesse muito relacionada ao que se lê nos artigos iniciais do nosso código de ética: 

 I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
 II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão.

   Fui pensando, debatendo, lendo... e tinha um desejo forte em mim de voltar para a terrinha natal, fazer mudança nesse chão onde fui gerada, onde me criei. Pensei bastante que transformação tem que brotar antes de tudo do desejo e da reflexão das pessoas, dos grupos... tem que vir da necessidade, da sede de mudança.
   Não pode ser imposta, e tem que acontecer na dinâmica das comunidades onde nós, psicólogos, vamos trabalhar.
   Foi aí que comecei um estágio em BH, de atendimento voluntário, na Pastoral da Acolhida de uma paróquia. Ainda quero contar mais sobre essa experiência que tanto enriqueceu meu aprendizado... que alimentou meu sonho, mas em outra ocasião direi mais sobre ela.
   Quando voltei pra Machado, já havia um projeto de atendimento implantado na Paróquia que frequento. O psicólogo Samuel atendia pessoas voluntariamente, pessoas que demandavam terapia e que nunca teriam condições de acesso ao atendimento psicológico na rede particular ou conveniada aos planos de saúde, e dificilmente conseguiriam atendimento regular no SUS, uma vez que sabemos como o sistema está saturado na cidade.
   Já havia a sementinha das coisas em que acredito. Peguei carona! 
   Ampliei o projeto, montamos meu consultório (eu e meus queridos pais, sem eles não haveria a estrutura com a qual conto hoje para os atendimentos, sou muito grata a eles por isso!), e passei a atender, aos sábados no período da manhã, na própria secretaria paroquial, que fica no bairro, na modalidade Aconselhamento Psicológico: um serviço de escuta clínica diferenciada que possibilita também a triagem de demandas, momento de informação, de acolhida e de reflexão. Optei por fazer esses atendimentos o mais próximo possível da população atendida.
   Iniciei também o atendimento de crianças na modalidade Psicoterapia Infantil. Para estes, optei pelo espaço físico do consultório, que já foi planejado com o intuito de atender essa faixa etária. As crianças foram selecionadas por triagem de demandas, através de critérios socioeconômicos e grau de urgência. 
   Hoje posso dizer com alegria que algumas crianças do projeto já tiveram alta e já estou selecionando mais crianças para preencher as vagas que disponibilizei. Existe fila de espera, sim. E eu gostaria muito que mais psicólogos se aliassem ao projeto, contribuíssem com idéias, sugestões e serviços. Fica o convite. Eu dedico alguns horários da minha semana. Sabe a tal história do beija-flor tentando apagar o incêndio da floresta? Pois é...
Ah, se sou uma boa alma caridosa? Acho que não. Estou muito inserida nesse sistema capitalista, preciso receber pelo que faço, como toda a classe. Então trabalho e recebo pelos serviços prestados sim! Assim como prevê o código de ética, eu considero a justa retribuição pelos serviços prestados e as condições dos clientes. Mas no caso do atendimento voluntário, a situação é de muita necessidade mesmo. São pessoas que tem encaminhamentos e mais encaminhamentos de médicos e de escolas mas que não conseguem acessar os serviços de psicologia. 
   E aí eu tinha que contar um pouquinho desse projeto e do quanto me sinto feliz fazendo parte dele. Samuel passou em um concurso e não está mais em Machado.  Estou sozinha no projeto (por enquanto, eu espero). Nas minhas conversas com amigos durante o curso, pensamos um pouco em caridade, no que isso seria, ou se seria o ser humano extremamente egoísta que só age em benefício próprio. Hoje eu sei o quanto meu trabalho me beneficia. É gratificante ver que pude ajudar, receber um sorriso, um abraço, ver que as pessoas estão tomando suas histórias e seus problemas e encontrando a autonomia para levar a própria vida como sujeitos... sentir que as transformações podem acontecer com gestos bem simples. Por estes termos posso estar agindo em meu benefício sim. E mais legal ainda, estou sendo coerente com meus princípios, com meus valores, com quem me tornei. Estou em paz...  E continuo me transformando nisso tudo. Sabe aquela coisa de mude sua mente, mude seu mundo? Aí, quando você muda seu mundo, você também muda sua mente!!
   Mas contei isso pra falar de amor. E falar de amor vai ficar pra outra postagem.

Por ora é só.

Abração!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Retomando

Sim, o blog passou um bom tempo sem novas postagens.
E eu poderia citar umas mil desculpas...algumas seriam as mesmas que dou pra não escrever mais poemas... outras, as mesmas que dou pra não cuidar de outras coisas também importantes.
Mas todas estas desculpas estão ligadas ao fato de que fico esperando o momento oportuno.
O momento oportuno geralmente é aquele em que estamos tranquilos, em paz e conosco e com tudo mais, com tempo livre, inspiração, concentração, bom humor e etc. E aí o momento oportuno demora, demora... e se esperamos muito, pode ser que ele não chegue.
Porque as coisas "mais importantes" vão dominando nosso tempo, nossa vontade, nossa vida! Porque a vontade de escrever, publicar, postar... passa! E vai passando cada vez mais depressa quando não atendemos ao nosso desejo de colocar nossas idéias no mundo.
Isso acontece no trabalho, quando temos uma boa sugestão pra fazer, mas ficamos aguardando muito o momento certo, a coragem, a oportunidade.
Isso acontece nos relacionamentos, quando esperamos as condições ideais pra conversar sobre algo que tem nos incomodado. Ou pra dizer um "Eu te amo!" ou um "Você é muito importante pra mim!". Pra reconhecer a  delícia que é a comida que el@ faz. O quanto admiramos as atitudes, as palavras del@.
Esperamos o momento oportuno pra comemorar, celebrar a vida. Abrir aquele vinho. Vestir aquela roupa.
É, o momento oportuno pode passar, despercebido assim. Passa por nós várias e várias vezes, discreto que é. Estamos tão concentrados em outras coisas, ou com tanto receio, ou é tamanho o desânimo, que não notamos.
A delícia toda é quando percebemos que o momento oportuno chegou. Colhemos entre as pistas da vida, a certeza de que não podemos deixá-la passar assim. E aí retomamos aquilo que é importante pra nós, mas que vivemos deixando em segundo plano.
Basta um pouco mais de atenção. Então percebemos somos nós que criamos dificuldades pro tal momento. E que esse tal clima propício que exigimos pode estar distante demais da realidade. Afinal, será que tudo é tão prioridade assim, que o que realmente nos é valioso tenha que ficar pra depois, até outra hora, até nunca mais?
Ah, as tais pistas de que é hora de retomar... Elas acontecem de inúmeras formas. E pra serem percebidas, dependem da nossa abertura pro mundo e da nossa sensibilidade.
Talvez eu esteja de fato mais atenta e mais sensível hoje. Resolvi retomar!
Convido o leitor à oportunidade que hoje se faz de retomar, reavaliar, ressignificar, rever aquelas coisas importantes e fundamentais, que estão encostadas em algum cantinho, esperando só você perceber que elas ainda tocam, ainda mobilizam, ainda podem brilhar!

Abraços e até!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Quem são noss@s amig@s?

A postagem de hoje é sobre as pessoas que conseguem ser presentes de maneira muito especial. É sobre amig@s, assim grafado representando homens e mulheres que transformam nossas vidas. E como falar de amizade sem dizer d@s amig@s que me acolheram nos meus piores e nos meus melhores dias?
Vocês, amig@s, podem não saber, mas salvam vidas, resgatam valores, mudam nossos rumos. São as pessoas que dizem as palavras mais francas e mais doces, podendo ser francas e doces ao mesmo tempo. De vocês levei os mais merecidos chacoalhões e os mais confortadores abraços.

Amig@ é aquela pessoa que te permite e te possibilita ser si mesmo, ser autêntico, se jogar de verdade. A relação de amizade é dotada de um grau de liberdade incomum em outros tipos de relacionamento, e isso faz com que nos sintamos em casa. Diante d@ amig@, você não precisa ficar medindo tudo. Você simplesmente é. E como isso é bom! Ser si mesmo e ser aceito pela outra pessoa!
Amig@ não precisa ficar provando o tamanho da amizade, pois ou se é amig@, ou não. Amig@ não precisa aparecer todo dia, pois você sabe que onde estiver, a amizade existe.Ainda que tenham convivido em um passado bem distante.
Amig@ pode te chatear as vezes porque não é igual a você,ou é muito igual a você; mas quando há uma relação de amizade verdadeira, ela não se perde, é resgatada por um gesto, um sorriso, um pedido de perdão. Amizade te permite um grau de intimidade no qual você não sabe ainda o que o outro vai dizer, mas já imagina o que ele está sentindo.
Amig@ é aquel@ que cresce com você, ainda que o trecho que passaram juntos tenha sido o espaço de um instante. Amig@ acolhe, amig@ escuta. Amig@ discorda porque el@ sim, pode discordar. Amig@ sugere, amig@ consente, amig@ sente muito.

Não sei de outro nome possível para aquela pessoa que chora pelo nosso sofrimento. Que vibra com as nossas realizações. Que sonha com a gente.
Na amizade, você pode ser o oposto da outra pessoa e ainda assim, a admira. Você pode pensar totalmente diferente dela, e ainda assim, a compreende. E você sabe que naquela hora em que todos sumiram, é o nome dela que você vai gritar, porque você também sabe que se você chamar, é ela que fará o possível pra ir ao seu encontro.
E as vezes você não vai precisar chamar. Amig@ te espera. Podem passar anos. Amig@ sabe que em algum momento você irá. Amizade é feita de grandes encontros e de grandes reencontros. De muitos desencontros e outros vários encontros ocasionais. E ainda na ausência, a amizade está em cada um.
Amig@s, vocês me constituem e já são parte de mim, da minha forma de ser e de pensar, porque estão enraizados em minha história, em minha memória, e nos momentos mais marcantes da minha vida vocês  estiveram e estão presentes.

É por ter vivido e ainda viver relações tão significativas que posso afirmar com certeza que quero muito mais disso pra mim.


Amizade é mesmo uma relação de alma. E o Universo conspira para que, no momento exato, apareça @ amig@ e te estenda a mão, ou te diga algo importante, te desperte para as coisas fundamentais. E como uma atenção pode transformar as coisas, como um posicionamento pode mudar tudo da água para o vinho! A amizade faz isso.
Como pode uma relação de tanta simplicidade ser ao mesmo tempo tão profunda?

A vocês, amig@s, minha gratidão, meu carinho e minhas saudades.
A vocês, amig@s, um forte abraço, que eu ainda espero poder entregar pessoalmente.
A vocês, amig@s, um poema de Fernando Pessoa que eu acho muito bonito, que condiz com a importância que a amizade tem pra mim:



 Dedicatória aos Amigos 
                                                                                                  Fernando Pessoa
Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Até que os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo.... Um dia os nossos filhos vão ver as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto! "
Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes desde aquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo..... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida te passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades.... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"