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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Vai, amigo.

 


 Meu bom e velho amigo, Bettoven (assim mesmo grafei o nome dele quando escolhi). Vai em paz. Aos 15 anos, ontem, já não engolia a água que tentávamos dar a ele numa seringa. Também não resistia travando os dentes, como nos dias anteriores. Be não conseguia mais ficar em pé. E hora acordado, hora dormindo, dava uns soquinhos, que para mim era dor.
   O que fazer diante de um velho amigo em seus últimos momentos? Procurei proporcionar o maior conforto possível, coloquei na caminha macia, cobri com um lençol para os mosquitos não o incomodarem. Ainda acarinhei meu cão.
   Forte que é, o Be demorou a se render. Foi difícil nas sessões de quimio, mas conseguimos terminar o tratamento. Depois de um tempo veio a infecção na boca, e pensávamos que ele não resistiria. Também tratamos, e mesmo com a dieta na forma de papa, estava lá ele, pulando em mim como um filhote.
Mas nos últimos dias não. Ele ficava encostado com o focinho na parede. Por vezes, se distraíamos, ele ficava encostado no portão, tomando chuva. Ia para seus cantinhos e ficava, parado, esperando. Talvez esperando a morte, que para um cachorrinho assim tão idoso e tão doente, é o maior dos alívios.
   Ontem relembrei bons momentos. Ele esteve comigo na minha adolescência, na juventude. Sempre me escutava durante essas fases. Ontem também conversei muito com ele, mas dessa vez não pedi que reagisse. Pedi que descansasse. Não há espaço para egoísmo diante de tamanho sofrimento. As vezes ele tentava se levantar, e me olhava. E ainda resistindo, gemia baixinho. Foi muito bom quando ele conseguiu dormir, e até roncou! Quando saí da casa dos meus pais ele ainda dormia.
   Hoje de manhã liguei para a minha mãe e ela me deu a notícia: o Bettoven descansou.
  Ontem foi dia de muitas lágrimas para mim. Hoje não. Apesar da dor da saudade e esse vazio... hoje é dia de paz.

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