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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal

Machado não era assim quando eu saí daqui pra cursar Psicologia em Belo Horizonte. É claro que em vésperas de datas especiais como Natal e Páscoa, algumas lojas ficavam bem lotadas. Mas não havia tantas lojas. Lojas tem brotado no centro da cidade, e não apenas no centro. Lojas grandes, lojas pequenas... O comércio tem crescido muito. Mas a cidade também expandiu. Bairros novos... tantas pessoas. E tantos carros! Engarrafamento nos horários de pico durante a semana. E nessa época então! Ontem eu e meu noivo resolvemos ir ao cinema. Lojas abertas até pelo menos 22:00. Meia hora no trânsito só no trechinho que liga a Barão do Rio Branco à Praça. Vontade de descer do carro, chegaríamos em menos de cinco minutos. E na hora de estacionar, não havia sequer uma vaga. Encontramos uma  nas ruas paralelas, mas foi difícil.
A maioria das pessoas estava comprando. Pacotes e mais pacotes. Familiar, não? É hora de estranhar esse familiar.
Hoje, no ônibus, uma senhora simpática puxou papo comigo. Falava sobre o Natal. É claro, tipicamente ela iniciou a conversa falando sobre o tempo, que hoje está chuvoso. Perguntou se "será que no Natal vai chover também?".
Mas depois ela foi me contando do quanto o sentido do Natal é diferente pra ela. Em sua simplicidade, disse que faz uma jantinha normal, igual a de todo o ano. O que é diferente na ceia é que ela dá a mão ao seu filho e eles "olham para trás". Então agradecem quanta coisa boa aconteceu . E também as ruins, que serviram de aprendizado. Que graças a Deus a vida é muito boa. Disse que faz isso porque seus pais a educaram assim. E que não gosta de saber que tanta gente tem a mesa farta na noite de Natal, mas nem olha pra trás, nem lembra o que a data significa. Falou de mesa farta e coração vazio.

Achei de uma sabedoria enorme. Gosto da ceia de Natal. Gosto de comprar, sim! Acredito que gostamos. Mas é preciso prestar atenção nesse comportamento. É preciso olhar pra sua própria vida e entender que felicidade é algo maior, tão maior. E que ela não está no ato de comprar. Bem menos nos objetos comprados. Nessa busca por prazer, perdemos de vista nós mesmos. O ato de comprar passa, a simbologia atribuída a esse comportamento nos leva ao consumismo desenfreado, os objetos adquiridos são descartados porque surgem novos, mais modernos, e o objeto não é o que de fato importa. O objeto de desejo não é encontrado porque ele só existe no plano do desejo.
A mídia afirma que a felicidade está nisso, ou naquilo. Descaradamente. "Vem ser feliz!" "Abra a felicidade" etc etc. As crianças fantasiam pensando que de fato a felicidade está em consumir. Algumas se entristecem pois não podem ter, então jamais serão felizes. E ser vai deixando de importar.

Volto a lembrar da cidade, no Natal desse ano. Foi comtemplada pelo projeto da Cemig, e a praça está mais iluminada.
Nas noite há turistas, música, papais Noéis. Muita gente sorrindo. E muita gente triste. Tem tanta gente que se entristece no Natal. Porque na ceia as vezes falta alguém que já se foi ou que não pode estar presente... Porque não ganha "aquele" presente... Porque essa coisa de comprar e comprar e comprar nos esvazia de nós mesmos, e o sentido disso tudo? Tem gente que se entristece por comprar, ao ver que não é bem isso. Tem gente fica triste por não poder comprar, tanta desigualdade. Tem gente que se entristece por ver quem compra e quem só pode olhar. Crianças que brincam com a embalagem do presente de outras crianças. Tenho observado que muitas pessoas refletem sobre esse movimento. Ainda bem!
Natal, tempo de enfeites, tempo de reuniões... Tempo propício pra pensar, pra quem se permite "olhar pra trás" como a senhora do ônibus disse que costuma fazer. Próximo de um novo ano, tempo propício a olhar pra si. Pensar nas conquistas e nos projetos sim, mas pensar em si mesmo: no que é, no que está sendo, no que te faz assim.
Natal é tempo de celebrar a vida e o amor! Celebrar o nascimento de Jesus, que para os cristãos é o Deus Filho, mas que também, muitos não cristãos conhecem "a história daquele homem que se doou, e que revolucionou a forma de viver". Uma história que marca tantas gerações não deveria esvair-se de sentido ou ter o sentido tão mudado.
Vamos fazer um resgate do verdadeiro Natal? Um resgate de nós mesmos? Que tal se nesse Natal, consumirmos com prudencia sem esquecer as questões sociais, se aprendermos e ensinarmos que antes de consumistas somos cidadãos? E se a decoração de Natal nos levasse a pensar sobre a beleza da nossa própria vida, sobre a beleza interior? Desejo que  visualizemos a felicidade ali naquele momento do nascimento do menino. E assim, encontremos felicidade em nossa história, a verdadeira felicidade, aquela da qual queremos mais, queremos para sempre. A felicidade do nosso caminho, de cada dia, aquela que não está só no natal.
A ALEGRIA DE VIVER!  Talvez assim aconteça aquilo que desejo, e que não cabe nessas palavras, mas são as que melhor sei dizer pra agora:




Feliz Natal!!!

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