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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Quem a gente é.

Expectativas são naturais. Esperamos resultados de nossas ações, temos objetivos, planos, sonhos. E é bom poder viver e agir em conformidade com nossos gostos e projetos. Mas precisamos conciliar nossas expectativas à realidade e as outras pessoas com quem nos relacionamos. Precisamos ter clareza do nosso querer, das nossas limitações, da possibilidade de mudar de ideia e da nossa vontade de insistir. Cientes de nós mesmos e da realidade que nos cerca, podemos encarar os desafios da vida e ir em busca daquilo que nos atrai.
Para isso, é preciso autoconhecimento, reflexão e consciência. É necessário na vida de cada um, um “tempo para si”, para saber seus gostos, seus ideais, suas características. Tudo isso é fundamental, mas às vezes deixamos em segundo plano.
Estamos inseridos em um contexto de supervaloração do dinheiro, do status, da produção de coisas e de ideias. A sociedade, e até nós mesmos, passamos a nos cobrar mais eficiência, sucesso, e acabamos adotando um modelo de perfeição inatingível, em todas as áreas da vida. Ser bem sucedido na carreira, financeiramente, constituir um determinado tipo de família, ter um determinado carro, comprar certas coisas, freqüentar certos lugares, assistir certos programas, pensar da mesma forma, comer assim ou assado, ouvir determinado tipo de música, buscar uma determinada forma física; todas essas escolhas, das mais banais às mais importantes, tornam-se perigosas quando o modelo passa a ser externo a nós e já não agimos conforme nossas exigências. Se isso acontece, acabamos, mesmo sem perceber, seguindo um modelo alheio e colocando como meta algo que não diz nada de nós.
A autenticidade e o sentido da vida de cada pessoa se perdem quando entramos nesse jogo de representações sociais, de padrões de conduta. É preciso cuidar. Olhar para si mesmo, se conhecer, não sair por aí levantando bandeiras sem refletir. Intimidade e harmonia com quem você é nesse momento são importantes quando se quer fazer escolhas bem fundamentadas. Realmente é difícil ter essa consciência o tempo todo. Escolher sem pensar, seguir a corrente, pode ser bem menos trabalhoso. Mas esse movimento de olhar pra si mesmo com mais carinho é libertário. Não é que deixaremos de escolher entre o que já está dado. Mas faremos essa escolha com nossa implicação pessoal. Se contarmos também com a criatividade, construiremos novas opções. Assim, nos colocamos no mundo e agimos como seres totais: nossos aspectos biológicos e psicológicos, nosso contexto social, aquilo que apreendemos de nossa cultura, tudo o que nos tornamos e continuamos nos tornando em nossa história de vida; é esse conjunto total que faz cada pessoa ser única.
Refletir sobre as nossas expectativas e as dos outros é o que faz a diferença entre alienar-se ou não. Fazer escolhas conscientes, respeitando o fato de que, como seres relacionais, afetamos o mundo a nossa volta e somos afetados também, nos leva a ir em busca do nosso tesouro e não deixar simplesmente que decidam sempre por nós.
Só assim, olhando para nós mesmos, entenderemos que os tais heróis superpoderosos, acima do bem e do mal, não são de verdade. Porque os heróis da vida real erram, caem, choram, sentem vergonha e medo, tem a coragem de admitir que se cansam; mas não desistem de viver a própria história. São mortais que entendem aquilo que o escritor Paulo Leminski quis dizer, que “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”. É uma questão de mudar o enfoque. Podemos ser esses heróis reais. Podemos ir adiante.

Este texto também está em: www.portaldemachado.com


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